O uso institucional (político, social e cultural) da violência: regimes ditatoriais e totalitários, golpes de Estado e terrorismo, Apartheid na África do Sul e segregação étnico-racial no mundo.

 

OBJETOS DE CONHECIMENTO: O uso institucional (político, social e cultural) da violência: regimes ditatoriais e totalitários, golpes de Estado e terrorismo, Apartheid na África do Sul e segregação étnico-racial no mundo.

 

1º MOMENTO

1.1. Leia o texto e observe as imagens a seguir para realizar a atividade proposta.

TEXTO I – Civilização e violência

A criação de espaços sociais duradouramente pacificados está ligada à organização da vida social na forma de Estados. Um aspecto desse problema foi examinado pela primeira vez por Max Weber1 . Sublinhou ele que os Estados são caracterizados pelas pessoas que são seus governantes e que, em qualquer época dada, reivindicam para si o monopólio da força física. Isso significa que vivemos numa forma de organização social onde os governantes têm à sua disposição grupos de especialistas que são autorizados a usar a força física em emergências e também impedir outros cidadãos de fazerem o mesmo. Essa monopolização da força pode ser descrita como uma invenção sociotécnica da espécie humana.

[...] Mas um ponto fica desde já claro: uma propriedade desse monopólio estatal da força física é que ele pode servir às pessoas como uma perigosa arma. Dos faraós às ditaduras do presente, o controle sobre o monopólio da força tem sido usado por pequenos grupos estabelecidos como decisiva fonte de poder para garantir seus próprios interesses.

Fonte: ELIAS, Norbert2 . Os Alemães: a luta pelo poder e a evolução do habitus nos séculos XIX e XX. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997. p. 161-163.

1 Karl Emil Maximilian Weber (1864 – 1920) foi um sociólogo, jurista e economista alemão, considerado um dos fundadores da Sociologia.

2 Norbert Elias (1897 – 1990) foi um filósofo e sociólogo alemão. Dentre suas obras mais importantes, estão O Processo Civilizador (dois volumes),

A sociedade dos indivíduos, Os Alemães etc.


Direitos Civis – Direito à vida, à propriedade e à igualdade perante a lei.

Direitos Políticos – Direito à participação política como o direito de votar, por exemplo.

Direitos Sociais – Direito à educação, ao trabalho, à saúde etc.

DESAFIO INTERDISCIPLINAR

Retome os estudos realizados em Filosofia e Sociologia acerca das reflexões de Hannah Arendt sobre Política e Ética, Poder e Violência, respectivamente, para analisar a visão da autora sobre o surgimento e a prática da violência extrema e instrumentalizada contra alguns grupos de pessoas, não apenas por governos, mas por pessoas comuns encarregadas de executar suas ordens. A autora denomina banalidade do mal essa prática da redução dos homens a seres naturais. O indivíduo renuncia à reflexão, trazendo à humanidade o mal, não pela moral, mas pela política.

Analisemos o julgamento de Otto Adolf Eichmann, um militar que atuou na burocracia nazista durante a Segunda Guerra Mundial, gerenciando as deportações em massa dos judeus para campos de extermínio. Foi capturado na Argentina pelo Serviço Secreto Israelense, julgado e condenado à morte entre 1961 e 1962, em Jerusalém. Hannah Arendt, ao analisar os depoimentos de Eichmann, identifica, em sua atuação, o mal banal, quando afirma: “O maior mal perpetrado é o mal cometido por Ninguém, isto é, por um ser humano que se recusa a ser uma pessoa 4”. Após a pesquisa, em grupos, elabore um podcast dialogado sobre a temática: como a irreflexão leva os indivíduos a negarem suas liberdades e responsabilidades individuais e a consentirem ou apoiarem o mal? Use exemplos do totalitarismo e de situações de banalização do mal na atualidade.

 

FONTE 1 – O que era o Apartheid?

Apartheid era um sistema rígido de segregação racial, de separação entre brancos e negros, que teriam lugares separados onde morar e manteriam suas culturas próprias. Os contatos entre os dois grupos deveriam restringir-se às relações de trabalho, nas quais os brancos estavam destinados a ser os patrões e os negros, os empregados. Proibia-se o casamento de brancos com negros, mestiços ou asiáticos.

[...] Sucede que, na divisão do território entre brancos e negros, os brancos ficaram com as melhores terras, além do controle das minas de ouro e diamantes. Na lógica do apartheid, cabia aos brancos a riqueza e aos negros a pobreza. E esses últimos não eram cidadãos. Não podiam votar e nem ser votados.

Fonte: SILVA, Alberto da Costa e. A África explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2012. p. 140.


 

Foto em preto e branco de pessoas e texto

Descrição gerada automaticamente



FONTE 3 – Relatório mostra como o IML contribuiu com o regime militar

Entre 1969 e 1976, o Instituto Médico-Legal (IML) de São Paulo – expediu pelo menos 51 laudos necroscópicos falsos, referentes aos corpos de opositores do regime militar então em vigor no Brasil [...] foram justificadas, naqueles laudos, por outras razões, normalmente suicídio ou atropelamento. [...] É o caso, por exemplo, da morte do jornalista Vladimir Herzog, em 25 de outubro de 1975, citada no relatório. Jornalista da TV Cultura e professor do curso de Jornalismo da USP, Herzog morreu vítima de torturas sofridas no Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), em São Paulo. De acordo com os militares, o jornalista teria se enforcado com o cinto do macacão de presidiário que vestia ao dar entrada na prisão [...]. Em 2014, a família de Herzog recebeu novo atestado de óbito, constatando sua morte sob tortura.

Fonte: CASTRO, Roberto C. G. Relatório mostra como o IML contribuiu com o regime militar. Jornal da USP, 06 abr. 2016. Disponível em: https://www5.usp.br/noticias/relatorio-mostra-como-o-iml-contribuiu-com-o-regimemilitar/. Acesso em: 24 fev. 2021

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