As diferentes lógicas do capitalismo e suas dimensões nas sociedades contemporâneas: tecnologia, globalização e dinâmica produtiva; Estados e organismos internacionais: protecionismo, multilateralismo e governança global.
OBJETOS DE CONHECIMENTO: As diferentes lógicas do
capitalismo e suas dimensões nas sociedades contemporâneas: tecnologia,
globalização e dinâmica produtiva; Estados e organismos internacionais:
protecionismo, multilateralismo e governança global.
A Modernidade Líquida
[...] O que todas as características dos fluidos mostram, em
linguagem simples, é que os líquidos, diferentemente dos sólidos, não mantêm
sua forma com facilidade. Os fluidos, por assim dizer, não fixam o espaço nem
prendem o tempo. Enquanto os sólidos têm dimensões espaciais claras, mas
neutralizam o impacto e, portanto, diminuem a significação do tempo (resistem efetivamente
a seu fluxo ou o tornam irrelevante), os fluidos não se atêm muito a
qualquer forma e estão constantemente prontos (e propensos) a mudá-la; assim,
para eles, o que conta é o tempo, mais do que o espaço que lhes toca
ocupar; espaço que, afinal, preenchem apenas “por um momento”. Em certo
sentido, os sólidos suprimem o tempo; para os líquidos, ao contrário,
o tempo é o que importa. Ao descrever os sólidos, podemos ignorar
inteiramente o tempo; ao descrever os fluidos, deixar o tempo de fora seria um
grave erro. Descrições de líquidos são fotos instantâneas, que precisam ser
datadas.
Os fluidos se movem facilmente. Eles “fluem”, “escorrem”,
“esvaem-se”, “respingam”, “transbordam”, “vazam”, “inundam”, “borrifam”,
“pingam” são “filtrados”, “destilados” diferentemente dos sólidos, não são
facilmente contidos — contornam certos obstáculos, dissolvem outros e invadem
ou inundam seu caminho. Do encontro com sólidos emergem intactos, enquanto os
sólidos que encontraram, se permanecem sólidos, são alterados — ficam molhados
ou encharcados. A extraordinária mobilidade dos fluidos é o que os associa à
ideia de “leveza”. Há líquidos que, centímetro cúbico por centímetro cúbico,
são mais pesados que muitos sólidos, mas ainda assim tendemos a vê-los como
mais leves, menos “pesados” que qualquer sólido. Associamos “leveza” ou
“ausência de peso” à mobilidade e à inconstância: sabemos pela prática que
quanto mais leves viajamos, com maior facilidade e rapidez nos movemos.
Essas são razões para considerar “fluidez” ou “liquidez”
como metáforas adequadas quando queremos captar a natureza da presente fase,
nova de muitas maneiras, na história da modernidade.
Fonte: BAUMAN, Zygmunt11. Modernidade Líquida. Tradução:
Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Zahar, 2001
TEMA 1 – FLUXO DE INFORMAÇÕES
O acesso e o desenvolvimento de tecnologias da comunicação e
da informação são aspectos fundamentais para a globalização. Redes de
comunicação eficientes permitiram a comunicação e o acesso rápido a qualquer
parte do globo de forma instantânea, assim como uma cultura global.
Internet e mobilização: a Primavera Árabe
TEXTO I - Primavera Árabe: reflexões sobre a
existência do direito à democracia
[...] Entende-se que a Primavera Árabe se trata, na verdade,
de um movimento democrático provavelmente associado à globalização da
informação e aos novos meios de comunicação, em especial a internet. Assim
sendo, o amplo acesso à informação no mundo atual tem tornado cada vez mais
difícil a permanência de regimes totalitários, tendo em vista que a internet
retira dos regimes não democráticos a capacidade de controlar a informação.
Além disso, entende-se que o movimento conhecido como Primavera Árabe
representa um anseio popular legítimo, em que se busca alcançar um direito (right
to democracy) reconhecido pela Resolução nº 1999/57 das Nações Unidas.
Fonte: CABRAL, Bruno Fontenele; CANGUSSU, Débora
Dadiani Dantas. “Primavera árabe”: reflexões sobre a existência do direito à
democracia (“right to democracy”). Jus Navigandi, Teresina, ano 16, n. 2795, 25
fev. 2011. Disponível em: http://jus.com.br/revista/texto/18576. Acesso
em: 19 jan. 2021.
O que abordar?
• Primavera Árabe e o uso das redes sociais e internet na
organização e na mobilização popular
contra regimes não democráticos do norte da África e do
Oriente Médio.
TEMA 2 – FLUXO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS
O crescimento e o desenvolvimento da economia de países no
mundo globalizado ocorrem por meio do comércio internacional, que é a troca
de bens e serviços entre pessoas ou empresas de países diferentes. As
nações podem exportar ou importar seus produtos criando acordos, tarifas ou
mesmo barreiras comerciais.
Há também a formação de blocos econômicos de modo a
facilitar o fluxo de mercadorias de livre mercado. São exemplos a União
Europeia, o Mercosul e o NAFTA, dentre outros. Alguns órgãos são responsáveis
pelas normas de organização do comércio, como a Organização Mundial do Comércio
(OMC) e a Câmara de Comércio Internacional (CCI).
Desglobalização?
TEXTO I – Movimento de desglobalização
O professor Paulo Feldmann, da Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade (FEA) da USP, explica que a globalização vem se
retraindo. [...] Isso demonstra apreensão das empresas multinacionais quanto ao
comércio internacional, como reflexo do cenário político de diversos países que
não são favoráveis. Os Estados Unidos (EUA), por exemplo, que são o bastião do
sistema capitalista, estão adotando políticas protecionistas, que vão na
contramão da globalização. Essas medidas tiveram forte impacto em outro gigante
da economia global, a China, que reagiu com boicote a produtos
norte-americanos. Esse embate comercial gerou, explica o economista, uma queda
no comércio, mas as consequências serão vistas a longo e a médio prazo.
Do lado europeu, o impacto veio do Brexit, que marcou
a saída do Reino Unido da União Europeia. O velho continente, graças ao seu
bloco, que permite, além da livre circulação de capital e produtos, a
circulação também de pessoas, é visto como um grande exemplo de globalização
[...].
Feldmann conta que, ao notar-se sinalizações de problemas
econômicos nos EUA, China e Europa, pode-se esperar uma queda na
comercialização internacional e, consequentemente, um baque na globalização,
produzindo um movimento conhecido como “desglobalização”.
Fonte: Jornal da USP. Movimento de desglobalização
causa retração na economia mundial: fenômeno vem ocorrendo em diversos países e
regiões como China, EUA e Europa, afirma especialista. Publicado em 15 out.
2018. Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/movimento-de-desglobalizacao-causa-retracao-na-economia-mundial/.
Acesso em: 26 jan. 2021.
O que abordar?
• Relacionar o America First e o Brexit com a queda
do comércio internacional, o aumento de
barreiras comerciais e o unilateralismo nas relações com os
Blocos Econômicos e com a
Organização Mundial do Comércio.
• Contexto histórico e funcionamento dos Blocos Econômicos.
• Principais organismos internacionais do comércio
TEMA 3 – FLUXO DE CAPITAL
A circulação de dinheiro, no mundo globalizado, ocorre com o
chamado capital produtivo, usado para financiamento da indústria e comércio, e
o capital especulativo, cujo investimento é realizado por meio de ações, que é
predominante na sociedade contemporânea
A mundialização da economia
Texto I - A crise econômica de 2008
O capitalismo passa por crises periódicas. A mais recente
ocorreu em 2008, quando a economia norteamericana sofreu com a declaração de
falência do quarto maior banco dos Estados Unidos, o Lehman Brothers. A origem
da crise econômica global de 2008 remete ao segmento de hipotecas de alto risco
do mercado imobiliário em 2006. Seus primeiros desdobramentos nos Estados
Unidos começaram a ser percebidos em 2007, com pedidos de falência e aquisições
de bancos em dificuldades. Sem dinheiro, empresas de financiamento, seguradoras,
agências de hipotecas e bancos de inúmeros lugares do mundo abriram falência.
As perdas de valores chegaram ao patamar dos 50 trilhões de dólares.
A crise provocou retração na economia, e diversos países
entraram em recessão. Como consequência, os índices de desemprego subiram no
mundo inteiro. A Organização Mundial do Trabalho (OIT) afirmou que, no início
de 2008, existiam cerca de 190 milhões de desempregados no mundo. No final de
2012, esse número passou de 202 milhões. O Fundo Monetário Internacional (FMI)
classificou a crise como sendo a mais grave desde a Grande Depressão, ocorrida
em 1929.
Diante desse quadro econômico, houve uma intervenção do
Estado na economia, contrariando os princípios liberais de Estado mínimo. Na
ocasião da crise de 2008, George W. Bush, então presidente dos Estados Unidos,
socorreu os bancos à beira da falência com US$ 700 bilhões em uma semana, ou
seja, os impactos foram minimizados por meio de intervenções consideráveis no
mercado. Alguns bancos se tornaram propriedade do Estado e outros receberam
empréstimos governamentais para liquidar suas dívidas e garantir dinheiro na
conta de seus correntistas.
O que abordar?
• Relações entre globalização e neoliberalismo.
• Razões que motivaram a crise econômica de 2008 e quais
foram seus desdobramentos
mundiais (crise europeia) e G20.
• Política econômica adotada pelo governo norte-americano no
contexto da crise
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