As mudanças do capitalismo, a partir da Revolução Industrial ao Imperialismo e frente a outros eventos históricos; Contribuições das revoluções Mexicana e Russa para as configurações históricas para o mundo; As lutas democráticas e a construção da democracia nas Américas.

 

Capitalismo em xeque – século XIX

1ª série do Ensino Médio

Componente: História

Prof.ª Luize Coutinho de Oliveira

Prof. Alcides Guerreiro

Equipe

CMSP/SEDUC-SP

Maio de 2021

 

Objetivos da aula

Apresentar, por meio de documentos históricos de natureza diversa, movimentos sociais e de contestação ao capitalismo, no contexto da Revolução Industrial (1750).

Habilidade do Currículo Paulista:

(EM13CHS103) Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argumentos relativos a processos políticos, econômicos, sociais, ambientais, culturais e epistemológicos, com base na sistematização de dados e informações de diversas naturezas (expressões artísticas, textos filosóficos e sociológicos, documentos históricos e geográficos, gráficos, mapas, tabelas e tradições orais, entre outros).

Divisão do trabalho

Os movimentos intelectuais, políticos e sociais decorrentes da 1ª Revolução Industrial tinham como objetivo problematizar e/ou contornar as consequências da divisão do trabalho para o trabalhador. A maquinofatura (emprego de máquinas para a automatização da produção), tornou o trabalhador um mero operador, alijado do processo de produção, uma vez que este não mais possui os meios de produção e a matéria-prima, não controla a qualidade, a quantidade, as vendas e o lucro. A própria força de trabalho tornou-se mercadoria, sujeita às leis de oferta e demanda, consolidando, também neste aspecto, a lógica capitalista.

Antecedentes do capitalismo inglês

Acúmulo de capitais (Dinastia Tudor); Puritanismo (trabalho e lucro); Revolução Gloriosa (liberalismo); Minas de carvão mineral e ferro; (matéria-prima) Tecnologia (máquina à vapor); Agricultura capitalista (Cercamentos); Mão de obra barata (Êxodo rural)

Produção manufatureira mundial (1750-1900)

Inglaterra e EUA assumiram a liderança na participação relativa à produção manufatureira mundial na segunda metade do século XIX.

Teorias sociais do século XIX

Socialismo Utópico

Charles Fourrier (1772-1837)

Falanstérios: Eram pequenas unidades sociais nas quais vivia um número limitado de pessoas, sem as contradições geradas pelo processo de industrialização.

Robert Owen

(1771-1858)

Cooperativismo: postulou que o mundo ideal deveria ser aquele onde a educação dos homens estivesse em primeiro plano. 

 Anarquismo

Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865)

Abolição de hierarquias políticas, sociais e/ou culturais.

Socialismo Científico

Karl Marx (1818-1883); Friederich Engels (1820-1895)

Comunismo

A luta dos trabalhadores

       Sabotagem (do francês sabot, significa tamanco), os operários enfiavam seus tamancos nas engrenagens das máquinas, parando a produção;

       Greves, manifestações e protestos;

       Ludismo: destruição das máquinas, sob a alegação de que estas eram responsáveis pelo desemprego e pela exploração;

       Cartismo: movimento através do qual os trabalhadores ingleses buscaram conquistar garantias sociais por meio de leis no Parlamento.

Conquistas dos trabalhadores

       1833: limite de idade e jornada para crianças (mínimo de 10 anos e 48 h semanais); 1842: proibição do trabalho infantil nas minas;1846: supressão de impostos sobre cereais;1847: jornada máxima de 10 h/dia;1919: jornada máxima de 8 h/dia; Criação da OIT (Organização Internacional do Trabalho).

Vídeo

OIT pede apoio a trabalhadores autônomos em meio à pandemia. ONU Brasil

Duração: 1’08”

https://www.youtube.com/watch?v=31QacrbgLJI

Hoje, há mais pessoas trabalhando e empregos temporários, informais ou atrelados à plataformas digitais, a maioria sem a proteção de leis trabalhistas.

A COVID-19 demonstrou a importância da proteção social para as(os) trabalhadoras(es).

A importância da Revolução Mexicana

A Revolução Mexicana foi o primeiro grande movimento social de contestação a um regime do século XX, gerando uma década de transformações políticas no México. Agregando diversos setores da sociedade, como elites urbanas, intelectuais e, principalmente, camponeses (que correspondiam a cerca de 80% da população e eram formados por indígenas e mestiços), a Revolução Mexicana buscou romper com séculos de dominação de grupos econômicos, que ainda reproduziam lógicas coloniais de exploração, e de uma crescente submissão ao capital estrangeiro. Ou seja, este movimento revolucionário revelou o desgaste de um conjunto de práticas e relações sociais e econômicas que o México  arrastava desde 1519.

O governo de Porfírio Diaz:

       Manutenção do poder com reeleições sucessivas e fraudulentas;

       Cooptação das lideranças locais (Caudilhos);

       Apoio dos militares;

       Modernização via capital estrangeiro (Inglaterra e EUA) - Ferrovias e portos;

       EUA: interesse na exploração de minérios, petróleo e mão de obra mexicana;

       Censura dos meios de comunicação;

       Distribuição de terras a latifundiários;

Pobreza e analfabetismo no campo.

Francisco Madero chega ao poder

       Eleições de 1910: Porfírio Diaz vence, prendendo Francisco Madero, seu principal oponente;

       Início das rebeliões camponesas, lideradas por Zapata e outros: o exército não consegue reprimi-las;

       Madero escapa da prisão e se exila nos EUA. Lá, lança o Manifesto de San Luís de Potosí, convocando um levante armado contra Diaz;

       Enfraquecido, Porfírio Diaz renuncia ao poder;

       Novas eleições em 1911: Madero vence;

       Apoiado por revolucionários camponeses, Madero não avança em pautas sociais, como a Reforma Agrária;

       Zapata, Pancho Villa e outros líderes camponeses rompem com Madero no Plano de Ayala, que visava a sua derrubada;

       1913: com o apoio dos EUA, o militar Victoriano Huerta derruba Madero do poder, por meio de um golpe. Dias depois, Francisco Madero e seu vice foram presos e assassinados.

Conflitos de interesses

Após a morte de Madero, Emiliano Zapata e Pancho Villa seguem com a guerrilha armada, iniciada pelo Plano de Ayala. Sob o lema “terra e liberdade”, o plano visava tomar as terras dos grandes latifundiários e redistribuí-las aos pobres, bem como nacionalizar empresas estrangeiras. Enquanto isso, outra liderança, Venustiano Carranza, coloca-se como oposição a Huerta e alia-se a Zapata e a Villa. Entretanto, logo os interesses desses grupos se demonstraram irreconciliáveis, marcando uma guerra civil no México.

Constitucionalistas:

Carranza, burguesia e parte do exército.

Revolucionários:

Zapata, Villa e camponeses.

Situação:

Huerta, militares e EUA.

Desfecho da guerra civil mexicana

       Victoriano Huerta é derrotado na Guerra Civil, em 1914;

       Carranza assume o poder e proclama uma nova Constituição no México (1917), de caráter liberal e reformista, que o distancia definitivamente de Zapata, de Villa e dos propósitos dos guerrilheiros;

       Emiliano Zapata é assassinado em 1919. Pancho Villa tem o mesmo destino em 1923;

       Pressionado por grupos opositores, Carranza sofre um golpe de estado, liderado por membros do Partido Nacional Revolucionário;

       Ao tentar reorganizar seu governo em Veracruz, Carranza é capturado e morto em maio de 1920;

       Algumas das pautas defendidas pelos zapatistas, como a reforma agrária e nacionalização de empresas estrangeiras só se concretizaram na década de 1930, no governo de Lázaro Cardenas.

Revolução Russa (1917): o contexto

       O Império Russo contava com um território de 22 milhões de km ²;

       O czarismo russo foi marcado pelos poderes ilimitados, privilégios para a nobreza (boiardos) e para o clero ortodoxo;

       Situação econômica análoga ao feudalismo, na qual os mujiques (camponeses que constituíam 80% da população) pagavam altos tributos aos nobres pelo uso da terra, estando sujeitos à escravização por dívidas;

       Movimento Operário: São Petersburgo, Moscou e Odessa representavam o polo industrial do Império Russo;

       Condições de trabalho: jornadas de 12 a 14 horas por dia, baixos salários, péssimas moradias e alimentação pobre, repressão policial contra greves e manifestações (Ohkrana, polícia czarista).

Teorias sociais e a Revolução Russa

       Entrada dos ideais socialistas no movimento operário russo (Socialismo Científico e Utópico);

       Fundação do POSDR (Partido Operário Social-Democrata Russo);

       II Congresso do POSDR (1903): decidem pela implantação do socialismo na Rússia e concordam com a derrubada do czarismo;

       Entretanto, o partido estava dividido:

MENCHEVIQUES

(minoritários)

Líder: Yuli Martov.

Defendiam aliança com a burguesia.

Socialismo pela via eleitoral, com maioria no parlamento russo.

BOLCHEVIQUES

(majoritários)

Líder: Vladmir Lênin.

Defendiam formação de um partido revolucionário.

Socialismo pela via revolucionária (armas).

O processo revolucionário

       Insatisfação com a participação russa na 1ª Guerra Mundial;

       23 de fevereiro de 1917: marcha de trabalhadores rumo ao Palácio de Inverno – Paz, terra e pão! – com adesão dos soldados;

       27 de fevereiro de 1917: o Palácio de Inverno é invadido pelo povo. Queda de Nicolau II;

       Governo Provisório: exercido pelo moderado Alexander Kerenski;

       Manteve a Rússia na IGM;

       Insatisfação: Lênin, que estava exilado, retorna à Rússia e propôs as Teses de Abril:

       Paz imediata;

       Reforma agrária;

       Nacionalização dos bancos;

24 de outubro de 1917: derrubada do Governo Provisório.

Guerra civil (1917-21)

Lênin assume o poder, retira a Rússia da 1ª Guerra Mundial, confisca terras e estatiza empresas, bancos, estradas etc. Tais medidas causam insatisfação entre a nobreza, o clero, a burguesia e os mencheviques, desencadeando uma guerra civil.

Exército Branco

Monarquistas, potências estrangeiras, mencheviques, nobreza, clero ortodoxo e burguesia.

Exército Vermelho

Liderados por Leon Trotsky, formado e defendido por operários e camponeses.

Desfecho da guerra civil russa

       Vitória do Exército Vermelho na guerra civil;

       Crise econômica – Lênin combina socialismo com capitalismo:

       Incentivos à pequenas empresas;

       Produção de excedentes agrícolas para o lucro;

       Entrada de capitais estrangeiros.

       Centralização do poder político (Partido Comunista);

       Controle dos sindicatos, censura e perda de liberdades individuais;

       Dezembro de 1922: criação da URSS;

       Janeiro de 1924: Lênin morre. Disputas pelo poder entre Josef Stalin e Leon Trotsky. Stalin ascende ao poder e expulsa seu opositor do país.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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