Problematizar o conceito de Pré-História, o marco da escrita para a divisão dos períodos históricos e o viés eurocêntrico na produção do conhecimento histórico e suas narrativas na origem dos povos da América.
Objetivos da aula
Problematizar o conceito de Pré-História, o marco da
escrita para a divisão dos períodos históricos e o viés eurocêntrico na
produção do conhecimento histórico e suas narrativas na origem dos povos da
América.
Objeto de conhecimento: memória,
cultura, identidade e diversidade.
Habilidades do Currículo Paulista - EM:
Essencial: (EM13CHS102)
Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas,
políticas, econômicas, sociais, ambientais e culturais de matrizes conceituais
(etnocentrismo, racismo, evolução, modernidade, cooperativismo/desenvolvimento
etc.), avaliando criticamente seu significado histórico e comparando-as a
narrativas que contemplem outros agentes e discursos.
Suporte: (EM13CHS101)
Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em
diversas linguagens, com vistas à compreensão de ideias filosóficas e de
processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econômicos, sociais,
ambientais e culturais.
Leitura compartilhada - Currículo em ação!
TEXTO I – A memória evanescente (Evanescente:
que se esvai, desaparece.)
Conta o mestre Capistrano* que teria encontrado um
historiador de moral duvidosa a queimar documentos para tornar sua leitura
daquelas fontes imprescindível e definitiva. O tom quase anedótico da narrativa
esconde uma questão importante: o documento é a base para o julgamento
histórico? Destruídos todos os documentos sobre um determinado período, o que
poderia ser dito por um historiador? Uma civilização da qual não tivéssemos
nenhum vestígio arqueológico, nenhum texto e nenhuma referência por meio de
outros povos, seria como uma civilização inexistente para o profissional de
História?
*Capistrano de Abreu foi um dos primeiros grandes
historiadores do Brasil.
Ora, se o documento é a pedra fundamental do pensamento
histórico, isto nos remete a outra questão: o que é um documento histórico? É
notável como o historiador resiste em definir seus conceitos de trabalho, mesmo
os mais fundamentais. Discutir o que consideramos um documento histórico é, na
verdade, estabelecer qual memória deve ser preservada pela História.
Escrita: o marco inicial?
A cronologia tradicional denomina como Pré-História todo o
período anterior à invenção da escrita. Os historiadores determinam “os marcos
cronológicos” que consideram mais relevantes por meio de uma pesquisa das
fontes históricas, que é conduzida de acordo com alguns critérios escolhidos
por especialistas. Em função disso, no Ocidente, tornou-se tradicional seguir a
divisão da história baseada nos marcos da história europeia, tais como Idade
Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea.
O marco inicial corresponde à invenção da escrita, por
volta de 4000 a.C. Toda a trajetória anterior dos seres humanos, desde o
aparecimento dos hominídeos, têm sido tradicionalmente denominada como
Pré-História.
Entretanto...
Esta imagem foi produzida entre 40 e 30 mil anos atrás. Ela
nos comunica algo sobre a vida dos hominídeos naquele período?
Povoamento da América - Teorias
Povoamento da América - Teorias
Teoria de Clóvis
Luzia e a teoria do Pacífico
Em 1995, Walter Neves teve aceso ao material
encontrado por Annette Laming-Emperaire nos anos 1970, que desde então estava
no Museu Nacional do Rio de Janeiro, catalogado como esqueleto Lapa Vermelha
IV. Ao aprofundar seus estudos sobre o crânio do esqueleto (morfologia
craniana), Neves concluiu que se tratava dos restos mortais de uma mulher
jovem, que possuía traços australoides, isto é, similares aos dos nativos da
Oceania (aborígenes). A datação do crânio apontada por Neves é de
aproximadamente 11 mil anos, indicando que o povoamento da América pode ter
ocorrido por correntes migratórias simultâneas.
Reconstituição do rosto de Luzia
Você sabe quem foram os paleoameríndios?
Pleistoceno:
2,588 milhões e 11,7 mil anos (glaciações)
Desenho de Heinrich Harder (1858-1935) mostrando paleoíndios caçando um gliptodonte.
Texto: Wikipédia. Paleoamericano. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Paleoamericano Imagem: Heinrich Harder. Domínio Público. Wikimedia Commons. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Glyptodon_old_drawing.jpg. Acessos em: 16 fev. 2021.
Niéde Guidon – Novas hipóteses
Nos anos 1970, a arqueóloga Niède encabeçou uma pesquisa no sítio arqueológico de Pedra Furada (PI). Lá, segundo seus estudos, existem provas da existência humana na América datadas entre 33 mil e 58 mil anos, como restos de fogueiras e pedras lascadas.
A partir de suas descobertas, Guidon desenvolveu a teoria
de que grupos humanos podem ter migrado do continente africano, local de origem
dos primeiros hominídeos e do Homo sapiens, diretamente para a América,
via Oceano Atlântico.
Niède Guidon
Parque Nacional da Serra da Capivara
Formação geológica conhecida como Pedra Furada,
no Parque
Nacional Serra da Capivara
Um exemplo das pinturas rupestres que podem ser
encontradas no parque.
Os primeiros habitantes do Brasil
•
Surgimento estimado: de 58 mil a 12 mil anos
(vide estudos de Neves e Guidon);
•
Viviam em áreas de caatinga e cerrado;
•
Antes de 9500 a.C., com temperaturas mais
baixas, predomínio da caça (mastodontes, preguiças gigantes, camelídeos);
•
Entre 9500 e 8000 a.C.: elevação das
temperaturas e desaparecimento de animais de grande porte. Aperfeiçoamento dos
instrumentos de caça.
Vestígios da Pré-História Brasileira
Sambaqui em Figueirinha, Santa Catarina.
Urna funerária, exemplar
da cerâmica Marajoara.
1- Thigruner. Domínio Público. Wikimedia Commons. Disponível em:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Figueirinha_I_Central.JPG
2- Daderot. Domínio Público. Wikimedia Commons. Disponível
em:https://commons.wikimedia.org/
wiki/File:Burian_urn,_AD_1000-1250,_Marajoara_culture_-_AMNH_-_DSC06177.JPG.
Acessos em: 16 fev. 2021
Uma outra linha do tempo
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