Precisamos falar sobre civilização
Precisamos falar sobre civilização
1ª série do Ensino Médio
Componente: História
Prof.ª Luize Coutinho de Oliveira
Prof. Alcides Guerreiro
Equipe
COPED/SEDUC-SP
Abril de 2021
Objetivos
da aula
Apresentar e
estudar documentos históricos de naturezas diversas para identificar,
contextualizar e criticar os conceitos de civilização em diferentes
temporalidades históricas, visando identificar, também, permanências históricas
acerca destes conceitos.
Objeto de
conhecimento: as
bases históricas dos discursos dicotômicos e a sua desconstrução na organização
da sociedade contemporânea (civilizados e bárbaros, atraso e desenvolvimento,
entre outros).
Habilidades
do Currículo Paulista - EM: (EM13CHS105) Identificar, contextualizar e criticar
tipologias evolutivas (populações nômades e sedentárias, entre outras) e
oposições dicotômicas (cidade e campo, cultura e natureza, civilizados e
bárbaros, razão e emoção, material e virtual etc.), explicitando suas
ambiguidades.
Civilização
e seu conceito clássico
Civilização é um conceito complexo da
Antropologia e da História. Numa perspectiva evolucionista, ela é o estágio
mais avançado de determinada sociedade humana, caracterizada basicamente por
sua fixação ao solo mediante a construção de cidades, por isso, o nome desse
conceito deriva do latim civita, que designa cidade e civile
(civil), o seu habitante.
Civilização. Wikipedia. (CC
BY-SA 3.0) Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Civiliza%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 21 mar. 2021
Martin St-Aman (CC BY-SA 3.0) Wikimedia Commons. Disponível
em:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:80_-_Machu_Picchu_-_Juin_2009_-_edit.jpg.
Acesso em: 21 mar. 2021.
Ricardo Liberato. Wikimedia
Commons. Disponível em: (CC BY-SA 2.0). Disponível em:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:All_Gizah_Pyramids.jpg. Acesso em: 21
mar. 2021.
“Civilização”
segundo as grandes civilizações
“(...) o
estágio mais avançado de determinada sociedade humana (...)”
A associação
dos conceitos de “civilização” e “avanço” ou “desenvolvimento” permeou diversos
processos, práticas e discursos ao longo da História.
Saque
de Roma pelos Vândalos, em 455. Por Heinrich Leutemann (aprox. 1880). A obra traz a ideia de que o declínio
do Império Romano se deu por conta das invasões “bárbaras”.
Elaborado especialmente para o CMSP.
Heinrich Leutemann. Domínio público. Wikimedia
Commons. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:
Heinrich_Leutemann,_Pl%C3%BCnderung_Roms_durch_die_Vandalen_(c._1860%E2%80%931880).jpg
Acesso em: 21 mar. 2021.
“(...) Pilhar, matar, roubar, disfarçam tudo isso sob o
falso nome do Império; quando fazem o deserto, chamam a isso a paz (...)”
Bárbaros e romanos eram mais parecidos do que pensamos. É
comum imaginar os bárbaros como invasores violentos, que saqueavam e matavam
para abrir caminho à força nos territórios do Império Romano. No entanto,
graças a um conjunto de documentos conhecidos como leis bárbaras, os trabalhos
mais recentes dos historiadores indicam que nem eram os bárbaros selvagens
sanguinários, nem eram tão diferentes dos romanos.
Fonte: Tácito. Vida de
Agrícola. IN: GUSTAVO DE FREITAS. 900 textos e documentos de História. O ponto
de vista dos subjugados, exposto pelo chefe bretão Calgaco às suas tropas Vol.
I - 318 textos e documentos. Lisboa: Plátano, 1975. Currículo em Ação, 2021.
Caderno do Aluno, História, 1ª série EM, vol. 1, p. 262.
Fonte: Jornal da USP. Por
Silvana Salles. 2018. Bárbaros e romanos eram mais parecidos do que
imaginamos.
São Paulo Faz Escola, 2020.
Caderno do Aluno, História, 1ª série EM, vol. 3, p. 61.
Civilizações da América – Os Incas
O Curacado de Cuzco, em 1438, de vermelho no mapa (esq.) e a expansão do
Império Inca entre 1438 e 1533 (dir.) O Império Inca contava com uma
organização política que ia desde uma estrutura local, o ayllu, passando
por governadores locais que deviam obediência e prestavam contas ao Imperador.
Elaborado especialmente para o CMSP.
Wikimedia Commons (CC0 1.0). Disponível em:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Late-intermediate-peru.png Acesso em:
21 mar. 2021.
Wikimedia Commons (CC0 1.0). Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Inca#/media/Ficheiro:Inca-expansion.png.
Acesso em: 21 mar. 2021.
Grandes construções dos Incas
Acima, panorama da fortaleza Sacsayhuaman com a cidade de Cusco ao fundo.
Cusco era a capital do antigo Império Inca, até ser tomada pelos espanhóis. O
significado do nome Cuzco é “Umbigo do Mundo”. À direita, a cidade de Macchu
Picchu.
Elaborado especialmente para o CMSP.
Martin St-Amant (CC BY 3.0)
Wikimedia Commons. Disponível em:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Macchupicchu.jpg. Acesso em: 21 mar.
2021.
Padowski2000. (CC BY 3.0) Wikimedia Commons. Disponível em:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Macchupicchu.jpg. Acesso em: 21
mar. 2021.
Análise de documentos históricos
Gravura retratando o Massacre de Cajamarca, que deixou milhares de nativos
mortos. No detalhe, vê-se uma liderança inca sendo subjugada pela “cruz e pela
espada”, simbolizando a concepção europeia de civilização.
Elaborado especialmente para o CMSP.
Lupo. Domínio público. Wikimedia Commons.
Disponível em:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Inca-Spanish_confrontation.JPG.
Acesso em: 21 mar. 2021.
A conquista espanhola sobre os Incas
Um dos principais eventos da conquista do Império Inca foi a
morte de Atahualpa, o último Sapa Inca, em 29 de agosto de 1533.
O funeral do
inca Atahualpa (1867). Pintura
de Luís Montero.
Luis Montero. Domínio público. Museo de Arte de
Lima. Wikimedia Commons. Disponível em:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Luis_Montero_-_The_Funerals_of_Inca_Atahualpa_-_Google_Art_Project.jpg
Acesso em: 21 mar. 2021.
Permanências históricas - Neocolonialismo
Jardim Zoológico Humano
No século XIX e início do XX, no período em que as nações
imperialistas ampliavam suas colônias na África e na Ásia, havia “exposições”,
em alguns países europeus, denominadas “zoológicos humanos”. Nesses locais, o
público da metrópole observava “amostras” de nativos dos territórios
colonizados, em uma montagem de um ambiente semelhante aos seus locais de
origem. Nessa perspectiva colonizatória e etnocêntrica, que subjugava a cultura
do outro, discurso eurocêntrico assume uma forma dicotômica, denominando como
“bárbaros” os povos colonizados e “civilizados” as potências imperialistas. A
visão etnocêntrica não possibilita reconhecer a alteridade, já que estabelece a
própria cultura como régua para qualificar outras, ou seja, determina que seu
grupo étnico, nação ou nacionalidade é superior e mais importante do que as
demais.
Análise de documentos históricos
Nas imagens, é possível identificar o racismo ocultado em
uma roupagem “antropológica”.
— É verdade?
Dizem que comem seus semelhantes?
— Em casa,
sim, mas aqui não há perigo.
Cartaz do Jardin Zoologique d'Acclimatation.
Kalmoucks Caravane, 1883. Fonte: Wikimedia. Disponível em:
<https://upload.wikimedia. org/wikipedia/commons/4/47/JARDIN_
ZOOLOGIQUE_D%27ACCLIMATATION_ KALMOUCKS_CARAVANE.jpg>. Acesso em: 03 ago.
2020.
Caricatura do jornal Le Monde ilustré, de 1882,
sobre a “exposição” de indígenas sul-americanos em Paris. Fonte: Wikimedia.
Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b7/Galibis_%C3%A0_
Paris_%28Draner_1882%29.jpg>. Acesso em: 03 ago. 2020.
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