(Dominação, resistência e suas narrativas) Memória, cultura, identidade e diversidade; A produção do conhecimento histórico e suas narrativas na origem dos povos do Oriente Médio, Ásia, Europa, América e África.

 Material do CMSP


Dominação, resistência e suas narrativas

1ª série do Ensino Médio

Componente: História

Objetivos da aula

     Identificar e analisar, por meio de documentos históricos de natureza diversa, narrativas e discursos que permearam o contexto do Imperialismo europeu e do Neocolonialismo na África e na Ásia.

Habilidade do Currículo Paulista (EM13CHS101):

     Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão de ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais.

Objetos de conhecimento

Memória, cultura, identidade e diversidade; A produção do conhecimento histórico e suas narrativas na origem dos povos do Oriente Médio, Ásia, Europa, América e África.

Análise de documentos históricos




Como você identificaria/ descreveria os personagens retratados nesta imagem?

Atlas pittoresque, planche 14. Domínio público. Wikimedia Commons. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Atlas_pittoresque_pl_014.jpg Acesso em: 4 fev. 2021.

  


     



A gravura que você acabou de analisar é de autoria do oficial naval e explorador francês Jules Dumont d'Urville, publicada em sua obra Voyage au pole sud et dans l'Océanie (Viagem ao Polo Sul e Oceania). Nela, d’Urville classificou os nativos daquelas regiões como Homo monstrosus, ou gigantes da Patagônia.

 

     O eurocentrismo é uma visão de mundo que tende a colocar a Europa (assim como sua cultura, seu povo, suas línguas etc.) como o elemento fundamental na constituição da sociedade moderna, sendo ela, necessariamente, a protagonista da história humana. Resumidamente, trata-se da ideia de que a Europa é o centro da cultura do mundo.


 



Mapa do globo terrestre com o Meridiano de Greenwich: exemplo de visão eurocêntrica.

Eurocentrismo. Wikipedia (CC BY-SA 3.0). Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Eurocentrismo  Acesso em: 4 fev. 2021. Wikimedia 

 

 Carl von Linnè e as “variedades humanas”

Os Americanus: vermelhos, coléricos, justos; cabelos pretos, lisos e grossos; teimosos, zelosos, livres; pintam-se com linhas vermelhas e são regulados pelos costumes.

Os Europeanus: brancos, sanguíneos, acastanhados; com cabelos abundantes e compridos; olhos azuis; gentis, agudos, inventivos; cobertos por roupas fechadas e governados por leis.

Os Asiaticus: amarelos, melancólicos, rígidos; cabelos pretos, olhos escuros; severos, altivos, gananciosos; cobertos por roupas soltas e governados por opiniões.

Os Afer ou Africanus: negros, fleumáticos, relaxados; cabelos pretos e frisados; pele sedosa, nariz achatado, lábios túmidos; [...] astutos, preguiçosos, lascivos, descuidados; ungem-se com gordura e são governados por caprichos.

Racismo científico. Wikipedia (CC BY-SA 3.0). Adaptado. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Racismo_cient%C3%ADfico. Acesso em: 4 fev. 2021

 

Cientificismo e racismo

     A ciência, atrelada aos avanços tecnológicos, auxiliou na propagação dos discursos de dominação da Europa em relação aos povos afro-asiáticos. Utilizando parâmetros da teoria darwinista sobre os fenômenos sociais, a teoria justificava a vitória do mais “forte” sobre o mais “fraco” – como uma “seleção natural”. Ou seja, a novidade, no século XIX, foi a criação de uma concepção de raça como um atributo biológico e cientificamente “legítimo”. Se o preconceito é algo antigo, a ciência, amparando a noção de raça, criou critérios morfológicos, como cor de pele e formato do nariz e crânio, para justificar biologicamente uma inferioridade característica em determinadas raças. Foi o caso de teorias de Francis Galton (eugenia) e das concepções de raça hierarquizadas, ainda no século XVIII, concebidas por Carl Von Linnè.

São Paulo Faz Escola, 2021. Caderno do Aluno, História, 3ª série EM, vol. 1, p. 123.

 

Análise de documentos históricos

O que seria, afinal, o fardo do homem branco, de acordo com o poema?

 

Poema O fardo do homem branco

“Pegai o fardo do Homem Branco

Enviai vossos melhores filhos

Andai, condenai seus filhos ao exílio

Para servirem aos vossos cativos;

Para esperar, com chicotes pesados

O povo convulsionado e selvagem

Vossos cativos, tristes povos,

Metade demônio, metade criança”.

Poesia de Rudyard Kipling, publicada em 1894. Tradução livre. Fonte: Wikipedia. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/The_White_Man%27s_Burden. Acesso em: 20 set. 2019.

 

     O termo missão civilizadora, cunhado pelos franceses, e o termo fardo do homem branco, usado pelos ingleses, sintetizam o discurso da “superioridade dos brancos europeus”. Apoiados por teorias raciais pseudocientíficas, essas narrativas permitiram a disseminação do imperialismo, sob o pretexto de “civilizar” os povos “inferiores”, carentes de cultura, tecnologias, leis e ordem.

Discurso de ministro

francês em 1885.

“As raças superiores têm um direito sobre

as raças inferiores. As raças superiores têm

o dever de civilizar as inferiores.”

Elaborado especialmente para o CMSP.

São Paulo Faz Escola, 2021. Caderno do Aluno, História, 3ª série EM, vol. 1, p. 123.

 


     Não devemos esquecer que teorias como a eugenia, o darwinismo social, a antropometria, o branqueamento, entre outras, são crenças pseudocientíficas que justificaram o racismo e apoiaram comportamentos discriminatórios na virada do século XIX para o XX. Atualmente, as teorias do racismo científico não são consideradas ciência!


Análise de documentos históricos



     Na charge, vemos o pacifista hindu Mahatma Ghandi tendo o momento de sua prisão assistido por uma “multidão de Ghandis”. Qual mensagem essa charge pretende passar?

 Autor não identificado (CC0) Wikimedia Commons. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Gandhi_in_jail_caricature.jpg Acesso em: 4 fev. 2021.

 

     

     A charge, intitulada Lord Willingdon’s Dillema (O dilema de Lorde Willington), mostra Gandhi sendo preso por Lord Willingdon, uma autoridade britânica, no início da década de 1930. O desenho representa a compreensão de que colocá-lo tantas vezes na prisão terminou por ser uma forma de multiplicar seus ensinamentos.

Ghandi e a desobediência civil

     Após a Primeira Guerra Mundial (1914-18), movimentos de resistência aos britânicos ganharam força na Índia. O principal deles, liderado pelo advogado e ativista Mohandas Karamchand Ghandi, ou Mahatma Ghandi, consistia na desobediência civil, forma de resistência pacífica que consistia em não reconhecer a autoridade daqueles que discriminavam os hindus em sua própria terra. Entre as ações de desobediência, destacavam-se:

       Confeccionar as próprias roupas;

       Não pagar impostos;

       Boicotar produtos ingleses;

       Não obedecer às leis discriminatórias.

Independência da Índia e do Paquistão

     Na década de 1930, Ghandi era o principal líder da resistência pacífica hindu, ganhando projeção internacional. Impactado pelos efeitos econômicos e políticos da Segunda Guerra Mundial (1939-45), o Império Britânico decidiu reconhecer a independência da Índia em 1947. Parte de seu território, de maioria islâmica, foi transformado em um novo Estado, a República do Paquistão.

     Acusado de favorecer politicamente os muçulmanos por parte dos nacionalistas hindus, Ghandi foi assassinado por um deles,  em janeiro de 1948.

Gandhi em Allahabad em1931. Autor não identificaado (CC0) Wikimedia Commons. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Mahatma_Gandhi#/media/Ficheiro:Gandhi_Allahabad_1931.jpg Acesso em: 4 fev. 2021.

 

Atividade complementar

Estudo de caso: resistência e independência na África - Angola

     Pesquise sobre a vida e obra do escritor angolano Agostinho Neto, que se tornou o primeiro presidente de Angola, em 1975. Os ideais de independência, liberdade e resistência ao colonialismo foram difundidos por meio de sua poesia.



Portal Geledés https://www.geledes.org.br/agostinho-neto/ Acesso em: 4 fev. 2021

 

 

 

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