(Colonialismo e resistência na África e na Ásia) O colonialismo na África; As guerras mundiais, a crise do colonialismo e o advento dos colonialismos africanos e asiáticos.

 Material extraído do CMSP

Colonialismo e resistência na África e na Ásia

O colonialismo na África; As guerras mundiais, a crise do colonialismo e o advento dos colonialismos africanos e asiáticos.

 Objetivos da aula

Apresentar o contexto social, político e econômico que favoreceu o processo de colonização da África e da Ásia entre os séculos XIX e XX, caracterizando o Imperialismo europeu sobre estes continentes;

Apontar as principais formas de resistência desenvolvidas pelos povos da África e da Ásia contra o neocolonialismo.

Habilidades da aula

Habilidade do Currículo Paulista - EFAF:

EF09HI14 – Caracterizar e discutir as dinâmicas do colonialismo no continente africano e asiático e as lógicas de resistência das populações locais diante das questões internacionais.

Habilidade de suporte do Currículo Paulista - EM:

EM13CHS101 - Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão de ideias filosóficas, de processos e de eventos históricos, geográficos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais.

Análise de documentos históricos

Qual a leitura que você faz desta imagem? Qual seu possível significado?

Título: From the Cape to Cairo (Do Cabo ao Cairo). Keppler. Publicado em NY: J. Ottmann Lith. Co., Puck Bldg., 1902, 10 de dezembro. Divisão de Impressões e Fotografias da Biblioteca do Congresso Washington, DC 20540. EUA. Disponível em: https://www.loc.gov/resource/ppmsca.25696/  Acesso em: 11 dez. 2019. São Paulo faz Escola, 2020. Caderno do Aluno, História, 9º ano EF, vol. 2, p.46.

 A imagem, uma ilustração de 1902, revela o ideal colonialista e racista do século XIX, que “justifica”, por meio de uma pseudociência, a suposta “superioridade” do homem branco, e, dessa forma, sua “obrigação” de civilizar os povos incultos e bárbaros.

Ao observar a imagem, verifica-se “Britânia” carregando uma grande bandeira branca chamada“civilização”, com soldados e colonos britânicos atrás dela, avançando em uma horda de nativos, que carregam uma bandeira chamada “barbárie”.

Retomando - Caderno do Aluno, 9º ano EF, vol. 02, pg. 46

No final do século XIX e início do século XX, um novo pensamento sociológico surgiu, influenciado por teorias biológicas e evolucionistas. O Darwinismo Social baseava-se na teoria da evolução biológica de Charles Darwin para explicar o desenvolvimento das sociedades humanas. Permeado por um discurso excludente, essa corrente afirmava haver sociedades superiores, a quem estava destinado o “fardo” de levar a civilização e o desenvolvimento industrial às outras sociedades consideradas primitivas, atrasadas e selvagens.

O contexto do Imperialismo

Segunda Revolução Industrial (1850): novas tecnologias como o dínamo, a energia elétrica, o telégrafo, os motores por combustão (automóveis), entre outros. Novos modos de produção (fordismo, taylorismo);

Aumento populacional: como consequência das inovações tecnológicas aplicadas à indústria, aumentando as ofertas de emprego, os grandes polos produtivos da Europa e da América do Norte experimentaram uma explosão demográfica;

Concentração de capitais: com o objetivo de controlar o máximo dos processos produtivos, combatendo a concorrência, grandes empresas realizavam compras ou fusões de empresas menores, dando origem às holdings, trustes e cartéis.

A partilha da África (séc. XIX)

Contexto e antecedentes:

       Acirramento da concorrência econômica entre as potências europeias (França, Inglaterra etc.);

       Unificação da Itália e da Alemanha (1870) e seu decorrente ingresso na “corrida imperialista”;

       Necessidade de mercados consumidores, matérias-primas e mão de obra baratas;

       Teorias e justificativas ideológicas: eugenia, darwinismo social, branqueamento, missão civilizatória etc.

Conferência de Berlim (1885)

A fim de arrefecer os ânimos da corrida imperialista, as potências europeias reuniram-se na Conferência de Berlim, em fevereiro de 1885, para estabelecer regras de ocupação do continente africano.













Mapas comparativos da África nos anos 1880 e 1913 (século  19 e 20). Autor desconhecido.  CC BY-SA 4.0. Wikimedia Commons. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Scramble-for-Africa-1880-1913.png. Acesso em 15 jan. 2021

 Missão civilizatória?













Formas de resistência na África

Caderno do Aluno, 9º ano EF, vol. 02, pg. 43

A ocupação europeia na África encontrou resistência por parte das sociedades africanas. Esses movimentos de resistência eram organizados, tanto por povos que possuíam um governo centralizado, como por aqueles que tinham outras formas políticas de organização. Esta resistência foi permeada por lutas e conflitos que tentaram impedir a colonização europeia, embora a ostensiva dos países europeus tenha obtido sucesso devido à tecnologia bélica e de comunicação.

Alguns exemplos da resistência africana

Egito

O movimento foi liderado pelo coronel Ahmad Urabi, e teve início na década de 1880. Neste período, o governo se posicionava alinhado aos interesses otomanos (turcos) e britânicos. O exército encabeçou este movimento revolucionário que desejava a libertação do Egito.

Sudão

Movimento conhecido como Mahdiyya, liderado por Muhammad Ahmad al-Mahdi. O Mahdiyya foi um rebelião no Sudão contra a dominação dos otomanos, que assumiu propriedades de uma Guerra Santa (Jihad). Iniciou a partir do movimento de resistência e libertação do Egito.

Costa do Ouro (atualmente Gana)

Rebelião Ashanti (1890-1900). Na Costa do Ouro (atual Gana), após os colonizadores britânicos terem substituído os líderes tradicionais por outros governantes, os Ashanti se rebelaram.

Sudão, Tanzânia, Ruanda, Burundi e partes de Moçambique.

Revolta de Maji-Maji (1905-1907). O líder Kinjikitile reuniu diversos grupos étnicos na África Oriental Alemã (atual Tanzânia) contra a exploração imposta pelos colonizadores alemães.

Senegal

Rebelião de Mamadou Lamine (1898-1901). No Alto Senegal, Mamadou Lamine liderou rebeldes muçulmanos contra os colonizadores franceses.

Neocolonialismo na Ásia - Índia

Cobiçada pelas potências europeias desde as Grandes Navegações, a Índia começou a sofrer interferências da Coroa Britânica durante o século XVII. Seja por meio de conflitos ou de alianças com marajás e nababos (príncipes e governantes), os ingleses foram ocupando áreas na Índia, até transformarem boa parte do território hindu em um protetorado britânico. Uma das estratégias para tornar a Índia um mercado consumidor de tecidos ingleses foi taxar a produção local, forçando a alta dos preços dos tecidos indianos.

Outro ponto de interesse dos ingleses sobre a Índia era a produção de algodão, transformando a Índia em fornecedora de matérias-primas e em consumidora de manufaturados. A soma desses fatores levou à falência diversas empresas indianas e à queda na produção de alimentos, gerando desemprego e fome, que, na segunda metade do século XIX, ceifou a vida de 15 milhões de indianos.

Resistência hindu - Revolta dos Cipaios (1857)

Também conhecida como Revolta dos Sipais,  Revolta dos Sipaios ou Grande Rebelião hindu, esse conflito se iniciou com os cipaios, soldados hindus que serviam aos oficiais ingleses, promovendo ataques pontuais contra seus superiores. Com o apoio da população, a rebelião logo se transformou em um conflito armado que se espalhou pela Índia.

Causas e consequências da Grande Rebelião

Causas:

Abusos de poder por parte das autoridades britânicas;

Empobrecimento dos hindus;

Racismo contra hindus, praticado por britânicos;

Ocidentalização da cultura hindu, promovida por meio de proibições de práticas tradicionais.

Consequências:

A Revolta dos Cipaios foi duramente sufocada devido a superioridade militar britânica;

Nomeação de um vice-rei inglês para a Índia;

Em 1876, a rainha Vitória é proclamada Imperatriz da Índia.

Neocolonialismo na Ásia - China

A China, produtora de seda, porcelana e chá (os britânicos compraram 12.700 toneladas em 1720 e 360 mil toneladas em 1830; pois eram itens que alcançavam bons preços no mercado europeu), não mostrava interesse nos produtos europeus. Apenas um produto, em particular, parecia “despertar o interesse” dos chineses: o ópio, uma substância entorpecente, altamente viciante, extraída da papoula, que causa dependência química em seus usuários.

Os comerciantes britânicos traficavam ópio ilegalmente para a China, auferindo grandes lucros e aumentando o volume do comércio em geral. O governo de Pequim resolveu proibir o tráfico de ópio, o que levou a Coroa Britânica a lançar mão de sua força militar.

Tratado de Nanquim (1842)

Após o Império Chinês ter ordenado a destruição de 1400 toneladas de ópio, trazidas pela Inglaterra, a Coroa Britânica reagiu declarando guerra à China (1ª e 2ª Guerras do Ópio). Vitoriosa, a Inglaterra impõe ao Império Chinês a assinatura do Tratado de Nanquim, que estabelecia, entre outras medidas, a abertura de cinco portos chineses para o livre comércio de mercadorias inglesas.



 

 

 

 



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